E vez ou outra, em meu desassossego constante nas redes sociais ao ler alguma frase, ou pensamento de um amigo eu imagino: Isso dá samba!
Um samba pra animar, pra exalar todas nossas tristezas e frustrações no cavaquinho enquanto ele chora por nós a cada toque nas suas cordas e a medida que ele chora nosso corpo sorrí, nosso corpo samba.
Ver a alegria, os sorrisos do sambista com seu miudinho contagiante que logo nos impulsiona a levantar da cadeira e arriscar alguns passinhos mesmo que fora de ritmo todo mundo se balança, afinal, é samba!
No samba vejo os passos de uma gente sofredora, os desejos de uma vida melhor.
Eu vejo os braços abertos que simbolizam a ânsia pela liberdade, num grito silencioso disparado com o compasso dos pés que rapidamente movem-se seguindo a melodia da canção.
No samba eu vejo a menina-mulher chorando a dor dos seus primeiros amores não correspondidos.
Eu vejo a Loba cantando seu pulso firme nas relações, clamando que se faça uma loucura por ela, pedindo que não deixem o samba morrer.
Eu vejo a senhorinha cantando relembrando seus bons momentos com os olhos cheios de lágrimas ao lembrar das suas fases de menina-mulher, de loba, de hoje, idosa mas sobretudo MULHER.
Eu vejo o jovem cantando o desapego e fingindo que não tá nem ai, enquanto por dentro de corta os pulsos pela dor de um amor mal resolvido.
Vejo o homem maduro cantando seus amores de todas as cores, de várias idades, suas andanças mundo a fora até que encontro nos braços d'aquela a paz que jamais teria visto na sua vida desde seu último deitar ao colo de sua mãe.
No samba eu vejo meu Brasil, vejo meu povo eterno aprendiz que não cansa de cantar a felicidade e a fé em dias melhores.
Eu vejo a diversidade, a religiosidade, a união de povos, raças e crenças.
Eu vejo o fervo e a alegria.
Eu vejo a impressão da identidade do povo brasileiro nas notas musicais.
Vejo a miscigenação nítida aos meus olhos. Todos juntos, todos chorando, sorrindo, vibrando por dias melhores ou fervendo no salão. Eu vejo todos fazendo samba.
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